Márcia Brandão - Psicopedagoga

Por Márcia Brandão
www.instagram.com/marciabrandao.psicopedagoga/

11 de outubro de 2016

Os 2 primeiros passos que a Neurociência oferece para uma maior aprendizagem


Quer aprender mais rápido? A ciência oferece os dois primeiros passos

Utilizar estímulos agradáveis para descansar o cérebro e respeitar as diversas formas de aprender dos alunos são atitudes que trazem bons resultado

O cérebro é a resposta para os problemas da educação brasileira. Simples assim? Não. Enquanto políticas públicas e iniciativas escolares focam fortemente em remexer conteúdos e carga horária de disciplinas, os neurocientistas correm por fora na tentativa de convencer com novas práticas que, para eles, são mais atrativas e eficientes.

A primeira delas seria tirar as crianças da cadeira a tempos, com estímulos agradáveis e que descansem o cérebro. Permanecer sentado e ouvir aulas expositivas, sem descanso, não traz a possibilidade de interação com o ambiente, com o professor, com os outros alunos e com o conteúdo – esses movimentos, dizem os neurocientistas, ajudam o cérebro a absorver melhor as informações. Ao ser estimulado, um aluno tem reforçadas suas conexões entre os neurônios e a liberação de neurotransmissores que favorecem o ato de conhecer.

O processo de empatia com o professor é fundamental, garantindo que alunos produzam os neurotransmissores mais indicados para a aprendizagem: a dopamina e a ocitocina

Outra prática saudável, de acordo com os neurocientistas, é a de o professor conhecer cada aluno para desenvolver as atividades que motivem diferentes perfis. Como cada cérebro tem um ‘acionamento’ diferente é preciso respeitar essas diferenças e utilizá-las a seu favor.

“Para garantir a motivação dos diferentes perfis de alunos, os profissionais da educação precisam estar atentos às potencialidades de cada criança ou adolescente e oferecer a oportunidade deles mostrarem isso ao grupo”, explica a psicóloga e analista do comportamento Karine Angleri. “Essa prática aumenta a exposição de ideias e o senso crítico. Por exemplo, crianças ou adolescentes que são mais rápidas na execução das atividades podem ajudar os demais e, desta forma, trabalha-se não só com conteúdos, mas também o relacionamento interpessoal. Isto aumenta o engajamento das duas partes, na medida em que sempre um colega terá algo para ensinar ao outro.” Ela lembra que se deve buscar valorizar todas as tentativas dos alunos durante as atividades para garantir sua motivação, usando diferentes recursos de ensino, como estímulos visuais e táteis por exemplo.

Para a psicopedagoga e neurocientista Marta Relvas, “à medida que professor estuda estruturas do cérebro e habilidades dos alunos, pode potencializar a inteligência e as habilidades desses alunos, estimulando novas conexões neurais e usando recursos metodológicos diferenciados, como os processos motores do brincar funcional”, afirma Marta, que também é doutora e mestre em Psicanálise e autora de livros como “Neurociência e Educação, potencialidades dos gêneros na sala de aula”, publicados pela Wak Editora.

O processo de empatia também é fundamental, garantindo que alunos produzam os neurotransmissores mais indicados para a aprendizagem: a dopamina e a ocitocina. “São os hormônios da paixão, do que gostamos de fazer, que precisam ser despertados nos alunos pelo professor. O professor precisa fazer com que a turma se encante com o que ele traz, se ele não usa o encantamento, a indisciplina se instaura e a aprendizagem se perde”, afirma.

De uma forma geral, acredita-se que um ambiente estimulante pode significar 25% a mais de capacidade de aprendizagem

Estímulos

Todos são capazes de aprender, mas o aprendizado é mais efetivo se ocorrer em locais diferentes e provocado de formas diversas. Alguns estudos buscam avaliar a influência da quantidade de estímulos recebidos na infância no desenvolvimento cognitivo das crianças. De uma forma geral, acredita-se que um ambiente estimulante pode significar 25% a mais de capacidade de aprendizagem em relação a crianças que não recebem muitos estímulos. Os estímulos como o som, visão, tato, gustação e olfato são decodificados e associados, então por um trabalho conjunto do tálamo, hipotálamo e amígdalas cerebrais, são promovidas as lembranças e a aprendizagem significativa.

Físico


Um ambiente que agrada aos olhos e com um cheiro bom, também ajuda a reter informações. Há estudos que relacionam os espaços físicos com a qualidade do aprendizado e até com a memória. Ter o corpo bem estimulado é importante, mas ter o descanso devido é fundamental. O cérebro precisa do período de descanso para consolidar memórias e para se preparar para constituir novas. O cérebro humano cresce até a idade de 18 anos, mas leva até os 28, 30 anos para ser considerado maduro. Por isso que algumas aprendizagens acabam se consolidando em diferentes épocas da vida. Um conteúdo que foi passado quando um aluno tinha 10 anos, pode fazer sentido apenas quando ele se depara novamente com aquela informação, já na vida adulta, com o cérebro mais maduro.

Rotina

A criança precisa ter uma rotina de estudos pré-estabelecida com horário e local apropriado. Os pais precisam oferecer um espaço adequado, sem barulho, de preferência com poucos estímulos e distrações para manter a atenção da criança na tarefa. “Normalmente sugiro aos pais que também se organizem para estar presentes no momento da tarefa, com seus afazeres ou lendo um livro, para que a criança tenha um modelo e para que possa acessar os pais, caso tenha alguma dúvida. E nunca fazer por eles, mas com eles”, afirma a psicóloga Karine Angleri. Ler em voz alta para a criança também é ferramenta poderosa para o desenvolvimento cerebral dos pequenos.

Afeto

A sala de aula que conhecemos é um local onde se passam informações e não um espaço de aprendizagem, segundo a neurocientista Marta Relvas. Falta o professor passar ao aluno, não só o conteúdo, as informações, mas também o sentido e o significado do que é abordado. “O professor tem de mostrar como aplicar o conteúdo na vida, considerando a área emocional e a recompensa. Ele deve emoldurar conteúdos pedagógico em processos emocionais positivos, que valorizem a autoestima”, afirma.


FONTE: Quer aprender mais rápido? A ciencia oferece os dois primeiros passos. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/quer-aprender-mais-rapido-a-ciencia-oferece-os-dois-primeiros-passos-13dp82a9c5jk0dqsd2a6xumgt

14 sinais indicativos de um Distúrbio Específico de Linguagem



O que é Distúrbio Específico de Linguagem?

É uma dificuldade persistente para adquirir e desenvolver a fala e a linguagem. Aparentemente a criança possuiu todas as condições para falar, mas ela não consegue ou apresenta muita dificuldade neste processo.

O atraso no aparecimento da linguagem oral pode, muitas vezes, ser o sinal de problemas auditivos, ou falta de estímulos ou ainda pode ser o sinal de transtornos mais globais no desenvolvimento como o Autismo e a Deficiência Intelectual.

No entanto, esse atraso pode ser o indício de um quadro denominado de Distúrbio Específico de Linguagem (Specific Language Impairment, SLI), ou seja, aparentemente a criança possui todas as condições de desenvolver a linguagem e a fala, mas este desenvolvimento não ocorre conforme o esperado.

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos revelam que cerca de 7 em cada 100 crianças saudáveis apresentam algum grau de dificuldade de aquisição e de desenvolvimento da linguagem (Leonard, 2000).

Os pais começam a perceber problemas no desenvolvimento lingüístico da criança por volta dos dois ou três anos de idade: algumas crianças não falam, ou demoram para iniciar a produção das primeiras palavras ou são lentas para aprender novas palavras (vocabulário restrito) ou ainda não conseguem combinar palavras para formar frases.

As dificuldades podem ser variadas, a depender da gravidade do quadro e podem persistir até a idade adulta. Existem casos mais graves, que dificilmente irão desenvolver uma “fala normal”, como existem casos mais leves, nos quais a manifestação mais comum pode ser a dificuldade em adquirir os sons da língua (apresentam trocas de sons na fala).

O diagnóstico precoce e correto é fundamental – para que seja traçado um planejamento terapêutico específico para cada caso e também para que tanto os familiares quanto os professores possam receber esclarecimentos e orientações sobre o problema.

O diagnóstico inicial é feito por exclusão, ou seja, primeiramente tem que ser investigado se existe algum problema auditivo, se a dificuldade é específica da área da linguagem ou se outros aspectos do desenvolvimento da criança também estão alterados, se existe algum problema emocional grave, se em casa está faltando estímulos para o desenvolvimento da fala e da linguagem.

Se todas essas causas forem excluídas e a partir de testes específicos, for confirmada uma alteração no processo de desenvolvimento da fala e da linguagem, daí sim, podemos estar diante de um quadro de Distúrbio Específico de Linguagem.

Sinais indicativos de um Distúrbio Específico de Linguagem:

. O aparecimento da fala é lento ou atrasado;

. A compreensão pode ser normal ou pode estar alterada;

. Dificuldade em combinar palavras para formar frases;

. Presença de alterações fonológicas (troca de sons na fala);

. Presença de alterações morfossintáticas: não consegue estruturar adequadamente uma frase, dificuldade com verbos, preposições;

. Flexionamento verbal e nominal ausente ou inadequado;

. Dificuldade na organização seqüencial das palavras nas frases (inverte a ordem das palavras);

. Fala ininteligível – os familiares não conseguem entender o que a criança está falando;

. Vocabulário restrito – dificuldade para aprender novas palavras;

. Pode aparecer disfluências, como hesitações, repetições de silabas e de palavras (sinais parecidos com uma gagueira);

. Não conseguem relatar fatos, recontar uma história;

. Dificuldade para compreender piadas, duplo sentido;

. Apresentar sérias dificuldades para aprender a leitura e escrita – transtornos de aprendizagem;

. Se há problemas semelhantes na família;

O Distúrbio Específico de Linguagem pode gerar conseqüências para o processo de aprendizagem da escrita e leitura – estas crianças geralmente não conseguem se alfabetizar na idade prevista e possuem sérias dificuldades para acompanhar as atividades em sala de aula. Não conseguem compreender a relação entre o som e a escrita. A aquisição e o desenvolvimento da linguagem oral são determinantes para o aprendizado da leitura e escrita.

Este Distúrbio também pode desencadear problemas sócio-emocionais: geralmente são crianças que acabam se isolando dos amigos, apresentam um prejuízo no processo de socialização. Existem até pesquisas que mostram que estas crianças são depressivas. Por serem inteligentes, elas possuem percepção de suas dificuldades.

Quais as causas deste quadro?

Pesquisas atuais indicam que estas crianças podem ter um funcionamento anormal da área cerebral responsável pelo processamento da linguagem. Ou seja, o cérebro destas crianças, parece não ser apto para aprender e para processar a linguagem. Pesquisas americanas mostram ainda, que a influência genética parece se relacionar com a organização das áreas cerebrais responsáveis pela linguagem. Este funcionamento anormal não é detectado em exames convencionais para o estudo do cérebro, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética (em geral, estes exames são normais).

O que os pais e professores podem fazer?

Podem ficar atentos quanto aos marcos de desenvolvimento da linguagem, como por exemplo: com 1 ano as crianças já começam a falar as primeiras palavras (papai , mamãe); com 1 ano e meio elas já conseguem juntar duas palavras e a partir dos 2 anos, as crianças já começam a formar pequenas frases.

Quando isso não acontecer é importante que os pais busquem uma orientação profissional. Até mesmo nas creches e escolas, os professores podem observar estes marcos de desenvolvimento.

Se existe também alguém na família que teve ou tem algum problema de linguagem ou aprendizagem é mais um sinal para os pais prestarem atenção. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhores oportunidades de tratamento poderão ser oferecidas.

Infelizmente, a realidade aqui no Brasil tem revelado que muitas destas crianças acabam não sendo diagnosticas ou são diagnosticadas de forma incorreta. Muitas vezes, são confundidas com crianças com surdez ou com crianças Autistas ou com Deficiência Intelectual. Conhecer este quadro é de extrema importância para todos os profissionais que trabalham com crianças como Fonoaudiólogos, Psicólogos, Pediatras, Professores, etc.


FONTE: Texto elaborado por Dra.Elisabete Giusti, publicado em: <http://www.atrasonafala.com.br/disturbio-especifico-de-linguagem.html>

30 de setembro de 2016

Motivação é coisa séria


Qual a relação entre o TDAH e a Motivação?
Se você tem TDAH, ou convive de perto com alguém que tem, certamente em suas pesquisas, você já ouviu falar muito sobre a motivação – ou a falta dela – nas pessoas com TDAH.
As pessoas em geral ouvem falar em motivação, e de uma maneira ou de outra, todas têm uma compreensão do que ela seja – ou ao menos do que ela significa em termos de comportamento humano e postura diante da vida.
Na verdade, se você quer entender melhor e ajudar a si mesmo, ou alguém com TDAH, é preciso compreender melhor o que é de fato e como funciona a motivação.
Primeiro vamos falar sobre o que é, e como a falta da motivação afeta as pessoas com TDAH. Em seguida, vamos explicar porque as pessoas com TDAH não conseguem se automotivar, nem se manter motivado por muito tempo.
Para começar, a motivação não é simplesmente um comportamento que a gente adquire, aprende e pronto. É claro que uma criança que nasce e cresce em um ambiente cujas pessoas a sua volta são automotivadas e motivadoras, tenderá a repetir este comportamento, esta postura diante da vida, porém, não necessariamente, pois a motivação também depende de fatores orgânicos, biológicos.
Com certeza, para a maioria das pessoas com TDAH, conviver com pessoas motivadas e motivadoras, apesar de ser bom e ajudar, não será o suficiente para que ela própria desenvolva alguma capacidade de se automotivar.
Este assunto é tão sério e nevrálgico, que o Dr. Russell Barkley, um dos maiores especialistas em TDAH do mundo, prefere dizer que o TDAH é um transtorno de motivação e não de atenção.
Mas, por que a motivação é tão importante? Quão danosa pode ser na vida de uma pessoa, a falta, deficiência, incapacidade ou inabilidade para se automotivar?
A falta de motivação gera prejuízos em efeito cascata.
A falta de motivação prejudica diretamente duas funções cognitivas essenciais ao desempenho global de qualquer ser humano: atenção e memória.
Para fazer qualquer coisa na vida, precisamos de memória. A importância da memória é tanta, que pode se afirmar, que sem a memória não existiria civilização, não existiriam as nossas culturas e sociedades.
Para que a memória exista e funcione, ela precisa da atenção e da motivação.

A atenção, por sua vez, é intrinsecamente dependente da motivação.

Fonte: Motivação é coisa séria. ABDA. sexta, 15 Abril 2016. Disponível em: www.tdah.org.br

28 de setembro de 2016

5 componentes essenciais na fixação de Memórias

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A neurociência nos ensina, que para que possamos fixar uma informação e resgatá-la posteriormente, ou seja, memorizar, lembrar e relembrar, os mecanismos cerebrais necessitam de 5 componentes:

#1. Nível de consciência: estar desperto, não muito cansado, bem nutrido e calmo.


#2. Atenção global e capacidade de manter a atenção concentrada no conteúdo a ser fixado.

#3. Sensopercepção preservada.

#4. Interesse e substância emocional relacionados ao conteúdo a ser fixado, assim mo do empenho do indivíduo em aprender (vontade e afetividade). 

#5. Conhecimento anterior: elementos já conhecidos ajudam a adquirir elementos novos.


FONTE: Trecho retirado do artigo Motivação é coisa séria, escrito pela ABDA



19 de setembro de 2016

Emoção leva a cognição para patamares intocáveis




O espaço escolar precisa ser voltado para a educação emocional. O sistema límbico - território das funções afetivas no encéfalo - tem que ser compreendido no que diz respeito à sua funcionalidade. Emoções e sentimentos movem os seres humanos e afetividade, enquanto aliada ao fazer educativo, pode fazer a diferença na vida de professores e alunos, consolidando memória e construindo aprendizados.

Em suma, o educador deve buscar na afetividade o meio por onde vai construir o seu fazer pedagógico. Os laços afetivos entre professor e aluno garantem uma aprendizagem mais feliz, sem traumas e sem dores. Mais confiantes se tornam os alunos e mais educador se sente o professor. A cognição não vem antes da emoção; é a emoção que leva a cognição para patamares intocáveis.

A memória é uma faculdade cognitiva de extrema importância, pois ela carrega a base de todo o nosso saber.

Desde o nosso nascimento, é pela memória que constituímos a base do conhecimento de toda a nossa vida. Conhecimentos dos mais básicos como o ato de andar, falar e comer, ou até os mais complexos, só são possíveis graças à capacidade de armazenamento de experiências do nosso cérebro através da memória.

Armazenando lembranças de experiências positivas e negativas nós podemos decidir quais atitudes tomar ou evitar, como devemos agir diante de tal situação e até nossas preferências e costumes e dessa forma a nossa personalidade se amolda. O registro dessas experiências através de fatos vividos e observados, podem ser resgatados quando necessário, faz com que a memória seja a base para aprendizagem.

Fonte: Marta Relvas

30 de agosto de 2016

Desperte sua Atenção!



Como qualquer uma das nossas habilidades cognitivas, nossa atenção melhora com a prática.

Desenvolver nossa atenção nos ajuda a processar mais informações eficientemente.

Se a memória controla o recipiente onde nossos pensamentos são armazenados, então a atenção é que abastece esse recipiente.

O treinamento cerebral ajuda a fortalecer nossa concentração através de exercícios desenvolvidos especificamente para essa finalidade.

COMO FUNCIONA NOSSA CAPACIDADE DE ATENÇÃO?

A Atenção é a função do nosso cérebro que aloca corretamente nossos recursos de processamento, e é geralmente definida como nossa habilidade de seletivamente focar em uma coisa, ideia ou tarefa, enquanto filtramos as outras distrações.

Existem várias maneiras de descrever os diferentes tipos de atenção:

*Atenção concentrada: é a nossa habilidade de se concentrar em uma coisa enquanto excluímos outras coisas à nossa volta, como quando estamos estudando ou dirigindo.

*Atenção sustentada: é a habilidade de se concentrar em uma tarefa por um período de tempo contínuo sem ser distraído, como se manter atento durante uma longa reunião.

*Atenção seletiva: é a habilidade de evitar distrações de estímulos tanto externos (barulhos) quanto internos (pensamentos). É quando você consegue “selecionar” em qual estímulo você presta atenção. Por exemplo, conseguir se concentrar na voz do professor numa sala lotada e barulhenta.

*Atenção alternada: quando você muda o foco da sua atenção ou alterna entre diferentes tarefas que tenham diferentes níveis de exigência de compreensão. Por exemplo, quando você lê uma receita (aprender) e depois a executa (fazer).

*Atenção dividida: é nossa habilidade de responder simultaneamente a múltiplas tarefas. Quando nós somos capazes de processar duas ou mais respostas ou reagir a duas ou mais demandas diferentes simultaneamente, nós utilizamos nossa atenção dividida. Por exemplo, verificar e-mail enquanto participa de uma reunião, conversar com os convidados enquanto cozinha, entre outras coisas.

23 de agosto de 2016

Aumentar a produção de novas células cerebrais pode ajudar a fixar novas memórias

O que os novos neurônios fazem
Cientistas acreditam que aumentar a produção de novas células cerebrais pode ajudar 
a fixar novas memórias e contribuir para reverter transtornos de ansiedade.

Essencialmente, a memória envolve recordar e registrar. Na maioria das vezes é o processo inicial – pelo qual uma lembrança viva e detalhada pode retornar devido a uma única visão, aroma ou sabor – que inspira admiração. O sabor de uma madeleine mergulhada em uma xícara de chá de imediato transporta o narrador de Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, de volta para as manhãs de domingo de sua infância, por exemplo. 

A capacidade de sugestões sensoriais invocarem a lembrança de uma experiência anterior – processo denominado reconhecimento de padrão de memória – é uma das funções mais importantes do hipocampo. No entanto, antes de uma memória ser recuperada, ela deve ser fixada corretamente. Gravar detalhes de um acontecimento de forma que nos permita distinguir um do outro – separação de padrão – é outra função básica do hipocampo. Graças a essa capacidade, que parece estar ligada à produção de neurônios novos, podemos (quase sempre) lembrar onde estacionamos o carro hoje de manhã, em oposição a onde paramos ontem ou na semana passada.
Neurônios recém-criados no giro denteado do cérebro (ao lado) participam da “separação de padrão”, capacidade de distinguir experiências semelhantes. Os autores propuseram uma hipótese para explicar como neurônios novos contribuem para a separação de padrão (A) e por que a falta deles pode fazer alguém confundir uma situação não ameaçadora com uma assustadora do passado (B), como ocorre no transtorno de estresse pós-traumático.

A. Como neurônios novos realçam as diferenças em experiências

Neurônios novos podem apoiar a separação de padrão ao codificarem novas informações melhor que as células mais antigas, mas os autores preferem uma visão diferente: após o estímulo do mundo exterior ativar células cerebrais jovens e maduras, as jovens induzem neurônios inibitórios a reprimir grande parte da atividade do giro denteado (
sombreamento leve). Esse efeito realça os detalhes distintivos de ambos a uma experiência nova (vermelho) e a uma recordação de experiência semelhante (amarelo), que pode ser mais trágica.
  

 B. Sem neurônios novos, reina a confusão

Segundo a hipótese do autor, a ausência de neurônios novos elimina os efeitos inibitórios das células no giro denteado. Assim, mais células disparam em resposta a novos registros e às memórias que evocam. Em consequência, as representações neurais dos acontecimentos podem se sobrepor exageradamente, provocando assim – de modo inadequado – a percepção de mistura dos dois acontecimentos.


Fonte:
Mazen A. Kheirbek e René Hen. O que os novos neurônios fazer. Mente e Cérebro. outubro de 2014. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/>

Um bom treino cognitivo traz benefícios no processo de velhice





Na corrida contra a demência

Com o aumento da expectativa de vida, chegam também os “males” dos desgastes impostos pelo tempo. A demência, que nos rouba de nós mesmos, talvez seja um dos mais temidos.

“Sorte daqueles que não têm de morrer”, diz um provérbio tibetano que volta e meia me vem à cabeça. A frase – ligeiramente irônica, já que a finitude é inevitável – tem como contexto a crença na lei de causas e consequências, segundo a qual teremos de nos haver com as repercussões de nossos atos, intenções e palavras – nesta ou em outras existências. E não porque tenhamos de ser castigados, mas sim porque prevalece a ideia de que nada nos acontece sem que, em algum momento, tenhamos criado as causas para isso. Fazendo uma releitura do ditado oriental, tomo a liberdade de dizer teríamos sorte se não tivéssemos de envelhecer. Esse desfecho não é inevitável, claro, mas a alternativa também não parece nada atraente. Na maioria absoluta, ansiamos pela vida. O problema é que com o aumento dessa expectativa chegam também os “males” dos desgastes impostos pelo tempo. A demência, que nos rouba de nós mesmos, talvez seja um dos mais temidos. 
O mais prevalente desses quadros, é a doença de Alzheimer. A patologia pode ter evoluído concomitantemente com a inteligência humana. Em artigo publicado há algumas semanas no periódico científico bioRxiv, cientistas afirmaram ter encontrado evidências de que há entre 50 mil e 200 mil anos a seleção natural impulsionou mudanças em seis genes envolvidos no desenvolvimento cerebral, o que pode ter contribuído para aumentar a conectividade neuronal, tornando os humanos modernos mais inteligentes à medida que evoluíram de seus ancestrais hominídeos. Essa nova capacidade intelectual, porém, não veio sem custo: os mesmos genes estão implicados no Alzheimer. O geneticista Kun Tang, do Instituto de Ciências Biológicas de Xangai, na China, que liderou a pesquisa, especula que o distúrbio de memória se desenvolveu à medida que cérebros em processo de  envelhecimento lutavam com novas demandas metabólicas impostas pela crescente inteligência. 
Mas essa é só uma parte da história: se a capacidade de aprender e memorizar nos penaliza, é ela também que acena com a possibilidade de afastar a manifestação do Alzheimer, às vezes por vários anos ou até por toda a vida. Nesta edição, o neurocientista David A. Bennett, diretor do Centro Rush da Doença de Alzheimer em Chicago, um dos mais renomados pesquisadores na área, revela uma descoberta surpreendente: pessoas com a mesma condição cerebral podem apresentar estado mental completamente diferente, enquanto uma perde a memória, outra se mostra lúcida e capaz. Ou seja, mais importante do que o estado físico dos tecidos, é o uso que se faz deles, apesar dos danos. 
Para ganhar a corrida contra a demência, duas armas são fundamentais: afeto e exercício intelectual. Apostar no que faz bem, manter pessoas queridas por perto, cultivar relações de intimidade, cuidar de animais e se divertir, movimentar o corpo, passear, falar mais de um idioma e aprender coisas contribui para postergar o surgimento do Alzheimer e diminuir o número de anos que se passa doente no fim da vida. Curiosamente, parece que a prevenção está justamente no que tende a nos tornar mais felizes.

FONTE:  LEAL, Gláucia. Na corrida contra a demência. Julho de 2016. Disponível em:

*Este artigo foi publicado originalmente na edição de julho.2016 de Mente e Cérebro.

10 de agosto de 2016

11 conselhos essenciais para você ajudar seu filho com a lição de casa


Como ajudar seu filho a estudar melhor

COMBINE AS REGRAS DA LIÇÃO
Combine com o seu filho uma rotina para as lições de casa: onde será feita, em que horário, quanto tempo vai durar...

AMBIENTE APROPRIADO

O bem estar é super importante, quanto mais confortável seu filho estiver, melhor. Prefira que ele se sente em uma cadeira em frente a uma mesa.

DISPOSIÇÃO EM ALTA

Na hora da lição seu filho precisa estar bem disposto. Ou seja: não pode estar cansado, com fome, irritado, distraído... 

NADA DE BARULHO
Desligue a televisão e o rádio e elimine sons que possam atrapalhar a concentração.

MUITA ORGANIZAÇÃO

Auxilie-o a organizar todo o material que usará e verifique, junto ao seu filho, quais as atividades a serem realizadas e qual a data de entrega. Ajude-o a organizar o tempo, evitando que ele acumule as tarefas.

SEM DAR RESPOSTAS
Se o seu filho tiver dúvidas, ajude-o com dicas para ele pensar e chegar as suas próprias conclusões, mas não responda por ele.

SEJA EXEMPLO!
Faça coisas parecidas com a lição do seu filho. Evite fazer no momento algo que pareça mais "interessante".

VALORIZE O ESFORÇO DO SEU FILHO

Mostre interesse pela lição mesmo que não conheça o conteúdo. Converse com ele sobre o que aprendeu de novo na escola.

INCENTIVE-O A REVER A LIÇÃO

Ensine seu filho a revisar o que fez, sejam contas ou textos, pois normalmente as lições são feitas de forma corrida para que logo possa brincar. 

ESTIMULE-O, MAS NÃO O ENSINE

Não tente ensinar a matéria do seu jeito, isso pode confundir o seu filho. É preciso realizar a tarefa conforme solicitado, ajudando-o a relembrar o conteúdo ensinado pelo professor.

ACOMPANHE A CORREÇÃO DA TAREFA

Veja se a lição foi corrigida. A falta de correção por parte do professor pode desestimular o aluno e ele entende que o esforço não valeu a pena. Se isso acontecer converse com o professor.




6 de agosto de 2016

PROCURE UM PSICOPEDAGOGO



O seu filho ou o seu aluno apresenta: 

Notas baixas em diversas disciplinas? 

Desinteresse ou mesmo aversão à escola? 

Inversão de letras? 

Dificuldade de aprendizagem? 

Possui leitura lenta? 

É hiperativa ou tem dificuldades em prestar atenção durante muito tempo?


Qual a função do Psicopedagogo?

O trabalho do psicopedagogo é entender e avaliar como se dá o processo individual de aprendizagem do aluno e pensar em estratégias para facilitar esse processo.
Após alguns testes, conversas com os pais e professores e sessões com o aluno, o psicopedagogo consegue construir um diagnóstico da criança, entendendo como ela se relaciona com o mundo do conhecimento. Algumas crianças são bastante visuais enquanto outras são auditivas. Outras preferem entender um raciocínio por meio de desenhos, gráficos e esquemas, enquanto algumas são mais narrativas e preferem ler textos explicativos. Além disso, cada criança apreende de uma forma diferente. Enquanto uma se dá bem com aulas expositivas outras só aprendem na prática por meio de atividades e exercícios.
A ideia é que, após um tempo, o aluno interiorize as estratégias que melhor se adequam ao seu estilo de aprendizagem e se torne autônomo para que sozinho estude e aprenda novas habilidades.

29 de julho de 2016

Brincando e aprendendo




A criança, com o seu evoluir, passa a estabelecer relação entre o seu brincar e a ideia que se tem dele, deixando de ser dependente dos estímulos físicos, ou seja, do ambiente concreto que a rodeia. 

O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na brincadeira, reside a base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendizagens mais elaboradas. 

O lúdico torna-se, assim, uma proposta educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo ensino-aprendizagem.


FONTE: 
Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. Rev. Humanidades, Fortaleza, v. 23, n. 2, p. 176-180, jul./dez. 2008

29 de março de 2016

A interferência do ambiente escolar nas funções cognitivas





As bases neurais da aprendizagem


Quando se fala em aprendizagem revela-se que é um processo global de crescimento, no qual se adquire conhecimento, indicando que alguém veio saber algo que não sabia, como uma nova informação, um conceito, uma habilidade, que provoca, em algum sentido, crescimento individual ou grupal. 

A aprendizagem é um fenômeno complexo que envolve além dos aspectos cognitivos, os aspectos emocionais, orgânicos, sociais e culturais, que provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que aprende (RELVAS, 2009).

O cérebro humano é um sistema complexo que estabelece relações com o mundo externo por meio de fatores significativos, estabelecendo inter-relações funcionais que são de extrema importância para o aprendizado, além do fato de que diferentes formas de aprendizagem não só envolvem diferentes circuitos neurais, mas diversos mecanismos fundamentais, que devem ser ressaltados (PAULA et al., 2006).

Em uma visão neurobiológica da aprendizagem, segundo descreve Relvas (2009), quando 
ocorre a ativação de uma área cortical, determinada por um estímulo, haverá alterações também em outras áreas, em virtude da existência de um grande número de vias de associação, precisamente organizadas, atuando nas duas direções. Desta forma, cada região cerebral executa em paralelo, a cada momento, a sua parte na coordenação das atividades diárias do ser humano. O cérebro encontra-se em atividade permanente, no qual não há regiões silenciosas, entretanto, algumas regiões tornam-se mais ativas quando a sua função é mais requisitada (LENT, 2010).

Neste âmbito, definem-se algumas funções específicas exercidas pelo cérebro: funções relacionadas à visão, como estimulação, sequencialização, rotação e decodificação visual, com a participação de outros centros do cérebro, figura-fundo, posicionamento e relação espaciais, que se concentram no lobo occipital; áreas do lobo temporal recebem, integram e organizam as percepções auditivas, aspectos elaborados da visão, a compreensão linguística, memória auditiva e interpretação espaço-temporal; o lobo parietal agrupa as funções de sensibilidade corporal e reconhecimento espacial; o lobo frontal as funções motoras, de expressão linguística, memória imediata e funções de planejamento mental do comportamento.

De acordo com Paula et al. (2006), sem uma organização cerebral integrada, intra e interneurossensorial, não é possível uma aprendizagem normal. A aprendizagem depende da complexa interação dos processos neurológicos e da evolução harmoniosa das funções mentais como percepção, atenção, memória, linguagem e emoção. 

A percepção é a capacidade que o ser humano tem de associar as informações sensoriais à memória e à cognição, de modo a formar conceitos sobre si, sobre o mundo e orientar o comportamento (LENT, 2010). Os primeiros estágios da percepção, conforme descreve Lent (2010), consistem no processamento analítico realizado pelos sistemas sensoriais, destinados a extrair de cada objeto suas características: cor, movimento, localização espacial, timbre, temperatura, entre outros; e que combinações dessas características passam por vias paralelas cooperativas no sistema nervoso central, que reconstroem gradativamente o objeto como um todo, a fim de que seja memorizado ou reconhecido, e que se possa orientar o comportamento em relação a este objeto (LENT, 2010). Contudo, para que os mecanismos da percepção possam ser aprimorados é preciso selecionar, dentre vários estímulos provenientes do ambiente, aqueles mais relevantes e significativos para o observador e, para isso, o sistema nervoso central conta com a atenção (LENT, 2010).

A atenção consiste em focalizar a consciência, concentrando os processos mentais em uma única tarefa principal e colocando os demais em segundo plano (LENT, 2010). A manutenção da atenção, seletividade das informações, capacidade de processamento da informação e atenção alternada, são essenciais para manter as atividades cognitivas (PAULA, 2006; SOHLBERG; MATEER, 2011). A atenção está intimamente ligada à memória de trabalho, na qual armazenamos temporariamente informações que serão úteis apenas para o raciocínio imediato e a resolução de problemas ou elaboração de comportamentos, mantendo-a por tempo suficiente, tornando possível desviar a atenção para uma nova tarefa e, então, retornar com sucesso a atividade original, podendo ser descartadas (esquecidas) logo a seguir (LENT, 2010; SOHLBERG; MATEER, 2011). 

Posner e Peterson (1990, apud SOHLBERG; MATEER, 2011) sugerem que três circuitos cerebrais, inter-relacionados, controlam as funções atencionais nos humanos – orientação da atenção no espaço, seleção do alvo e conflito da resolução, alerta/atenção mantida, e os processos da memória de trabalho. O primeiro circuito - a orientação espacial - depende do sistema atencional posterior, que inclui o lobo parietal posterior; o segundo circuito - a seleção do alvo e conflito de resolução - é desempenhado nas áreas anteriores do cérebro que incluem o giro cingulado anterior e as áreas motoras suplementares; a rede de alerta e sustentação da atenção, empregada quando a atenção precisa ser mantida na ausência de novos estímulos externos, é exercida pelas regiões pré-frontais diretas (hemisfério direito); e os processos de memória de trabalho, têm mostrado ativar a rede cerebral que inclui as áreas do córtex pré-frontal dorso lateral, com localização diferente para material verbal e espacial, e áreas posteriores.

A memória, outra função mental importante na aprendizagem, é o processo de aquisição e arquivamento seletivo de informações que podem ser evocadas para utilização posterior. Segundo Lent (2010), a aprendizagem é reconhecida como o processo de aquisição das novas informações que vão ser retidas na memória, capaz de orientar o pensamento e a ação.

A capacidade de especialização cerebral em armazenar dados para a sua utilização posterior permite, mediante a memória, codificar e decodificar informações (PAULA et al., 2006). A memória está ligada ao aprendizado e à capacidade de repetir acertos e evitar erros; representa a reprodução mental das experiências captadas pelo corpo, movimentos e sentidos. (RELVAS, 2009).

Quanto aos mecanismos neurais da memória, Lent (2010) esclarece que não há uma região cerebral específica responsável pelos processos mnemônicos, sendo a memória considerada um sistema múltiplo, no qual as informações duradouras e transitórias são armazenadas em diversas áreas corticais, de acordo com a sua função: memórias motoras no córtex motor, visuais no córtex visual e assim por diante; e que o processo de consolidação é fortemente influenciado por sistemas moduladores, sobretudo os envolvidos no processamento emocional. 


Depreende-se então que o processo de memorização é complexo, que envolve, conforme esclarece Relvas (2009), sofisticadas reações químicas e circuitos interligados de neurônios que, quando ativados, liberam neurotransmissores que atingem outras células nervosas por meio de sinapses. 

As sinapses conferem ao sistema nervoso a sua enorme e diversificada capacidade de processamento de informações entre um neurônio e outra célula, através da qual se dá a transmissão de mensagens entre as duas, que podem ser modificadas no processo de passagem de uma célula à outra, o que demonstra a grande flexibilidade do sistema nervoso (LENT, 2010). Através do aprendizado o cérebro ativa as sinapses, tornado-as mais “intensas” e como consequência, estas se constituem em circuitos que processam as informações, com capacidade de armazenamento molecular. 

Por fim, não menos importante, tem-se a linguagem, oral e escrita, receptiva ou expressiva, que é um dos componentes fundamentais na organização cognitiva e nos processos complexos da aprendizagem (PAULA, 2006). A linguagem possibilita a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento e funciona como construtora de significados, através do pensamento. 

As modalidades da linguagem envolvem sistemas pareados de expressão e compreensão, sendo classificada conforme explicam Ferreira, Ferreira e Oliveira (2010), em linguagem expressiva, que consiste na possibilidade de usar gestos, palavras, símbolos escritos e outros signos para a comunicação; e a linguagem receptiva, que é a possibilidade de compreender palavras e gestos. Quando a expressão é oral (fala), a compreensão ocorre principalmente pelo sistema auditivo; quando a expressão é gestual ou escrita, a compreensão é realizada pelo sistema visual (LENT, 2010). 

A linguagem falada possui uma forte base neurobiológica inata que permite a aprendizagem logo aos primeiros meses de vida pela escuta dos adultos falando e pela prática da emissão de sons, enquanto a escrita é uma construção cultural cuja aprendizagem depende de um ensino formal bem mais prolongado e trabalhoso (LENT, 2010). Contudo, falhas no processamento neurológico interferem o uso da linguagem em suas diversas formas (compreensão e expressão), pois o sistema linguístico humano é determinado por uma rede de áreas conectadas, como as áreas conceitualizadoras, que realizam o planejamento do conteúdo da fala e a compreensão do que se ouve; áreas formuladoras, que se encarregam do planejamento e da compreensão da forma das palavras e frases; e áreas articuladoras, que efetivamente comandam os movimentos necessários à fala; assim como, pelo envolvimento de inúmeras regiões corticais, entre elas as auditivas, visuais e de processamento emocional.

Portanto, depreende-se que a aprendizagem é o resultado da recepção e troca de informações entre o meio e os diferentes centros nervosos. Deste modo, associar, prestar atenção, compreender, reter, transferir e agir são alguns dos componentes principais da aprendizagem. Neste âmbito, Paula (2006) esclarece que a informação captada é submetida a contínuo processamento e elaboração, que funciona em níveis cada vez mais complexos e profundos, que vão desde a extração das características sensoriais, a interpretação do significado, até a emissão da resposta.

BRANDÃO, Marcia. Os processos cognitivos e a aprendizagem na Síndrome de Down com o olhar da Neurociência. Trabalho apresentado como requisito parcial para a conclusão do Curso de Especialização em Neurociência aplicada a Educação Especial e inclusiva. Rio de Janeiro, 2015.

17 de fevereiro de 2016

Intervenção Psicopedagógica x Reforço Escolar

Na Intervenção psicopedagógica busca-se impulsionar o desenvolvimento intelectual  do aprendiz, ajudando-o a superar suas dificuldades, proporcionando uma relação positiva com a aprendizagem, a construção de uma maior autonomia e o melhor desenvolvimento da atenção, concentração, memória, raciocínio e da criatividade, etc.

Enquanto que, o Reforço Escolar visa somente trabalhar um conteúdo específico não dominado completamente pelo aprendiz e ajudá-lo na resolução do mesmo. É uma ação emergencial e pontual, que a priori pode sanar as dúvidas do aprendiz, no entanto, não investiga as causas de suas dificuldades para um melhor aproveitamento de sua capacidade.